Entrevista - Anisio Mello Junior cantor oficial de Dragon Ball Z


Bom quem foi ao evento Anime Fest Fan 2013 pode ver o talk show de Anisio Mello Junior, que também fez uma participação especial no show da Kaminari. Pra quem foi e pra quem não foi fiz uma entrevista com o cantor pra falar um pouquinho de tudo. Pra quem não conhece o Anisio é o cantor oficial da abertura de Dragon Ball Z na saga do Majinboo. Podem curtir logo abaixo.

1 – Anísio, fale-nos um pouco sobre os seus trabalhos, principalmente na área dos animes.
Sou músico desde 1981. Toco contrabaixo, canto, componho e produzo. Toquei e produzi em shows de artistas como: Dinho Nascimento, Johnny Rivers, Carlos Daffé, Fernando Deluqui, Nico Assumpção, Armandinho Macedo, John Patitucci e Raízes Caboclas. Em 1995, fui convidado pela empresa de dublagem Alamo para ser seu diretor musical, no lugar do Maestro Caetano Zama, músico que participou do show de lançamento mundial da Bossa Nova no Carneggie Hall, em Nova York. Imagine a responsabilidade, fiquei muito feliz e honrado pela oportunidade! Fiz mais de 600 versões para TV, cinema e Home Video, entre elas: O Fantástico Mundo de Bob, Doug, Bob Esponja, Os Anjinhos, Mr. Bumpy é Demais, Duddley o Dragão, Bambam e Pedrita, Kirikou e a Feiticeira, Todos Os Cães Merecem o Céu, Toyland, Hey Arnold, Megaman e Dragon Ball Z.

2 – O mercado dos animes mudou muito nos últimos anos; a TV era o único acesso; o público conhecia apenas as versões dubladas e a internet tornou as versões originais  mais acessíveis. Como você viu essa mudança?
A internet democratizou o acesso, em larga escala, de uma variedade incrível de conteúdos. Infelizmente, nem tudo preza pela qualidade. No caso dos animes e tokusatsus, levou ao público episódios e músicas inéditas  ou não mais  veiculadas na TV brasileira. O acesso às músicas nas versões originais, em japonês, levou a um número surpreendente de fãs e músicos a cantar nos shows e eventos dessa forma. Outros hábitos culturais do oriente têm sido assimilados, nos jogos, gastronomia, vestuário e literatura.

3 – Os eventos de anime aumentaram nos últimos anos. Isso criou mais um mercado para os profissionais da área atuarem no Brasil. Como você vê isso?
Quando a economia de um país cresce, todos os segmentos da cadeia produtiva podem se desenvolver também. Na cultura e nas artes também. Participei do primeiro evento em 2003, no Anime Friends. Em 2012, fazia um show de anime a cada 2 meses. Em 2013, um ou dois a cada mês. Os convites crescem a cada dia, vindos de todas as regiões do Brasil. Exceto quando faço apresentações solo, possuo uma equipe de produção e músicos, o que gera empregos diretos a esses profissionais. Além disso, cada evento mobiliza dezenas de voluntários, prestadores de serviço, estandistas que comercializam seus produtos - roupas, miniaturas, origames, mangás, alimentos, jogos, atividades competitivas, cosplay. É um universo de muitas oportunidades de trabalho. Espero morrer velhinho fazendo isso, me divirto muito nos eventos!

4 – Você tem a oportunidade de ficar no eixo Norte e Sudeste já que mora em Manaus e possui residência em São Paulo . A mentalidade das pessoas é diferente com relação ao investimento em cultura?
Cada local tem sua realidade cultural, econômica e política, o que determina as políticas públicas e privadas de cada região. No Amazonas, temos acesso ao diálogo direto com os secretários de cultura do Município e do Estado, participando de parcerias entre a sociedade civil e os gestores públicos. Em São Paulo, atuo através do Instituto Cultural Anísio Mello, desde 2008, voltado ao desenvolvimento e à promoção de projetos de artes visuais, literatura, fotografia e música. A Orquestra Urbana Arruda Brasil, integrante do Projeto Elefantes, recebe nosso apoio, com cessão de espaço para ensaios e apresentações.

5 – Viver de música no Brasil é tarefa pra poucos, pois é um mercado muito difícil, qual a análise que o Anísio Mello Junior faz sobre esse tema?
Viver no Brasil é a tarefa de muitos, quase 200 milhões de habitantes. Alguns encontram maiores ou menores oportunidades. A música é uma profissão, como a Medicina, Engenharia e o Direito. A atitude pró-ativa e postura ética da pessoa, aliada ao talento, desenvolvimento das potencialidades, busca de oportunidades, habilidade interpessoal, comprometimento, persistência, organização, saúde, criatividade, originalidade, compreensão do mercado profissional, e -sobretudo - amor pelo que se faz, vão delinear seu caminho na profissão escolhida. Apesar de formado em Comunicações,  nunca trabalhei fora do segmento da Música e da Cultura. Viver pode ser simples ou complexo, fácil ou difícil. Parte disso é fruto de nossas escolhas. Outra parte, da ação dos governos. Outra parte, do acaso, simplesmente. Opções difíceis podem ser gratificantes, após a conquista de resultados. Sou muito feliz sendo artista e gestor cultural.

6 – Você acha que a Lei Federal de Incentivo à Cultura funciona do jeito certo?
Já dizia outro careca que "a perfeição está na busca". A ideia da lei é excelente, mas não resolve todas as questões do meio cultural. Muitas pessoas conseguem a aprovação de seu projeto para a lei, mas esbarram na dificuldade de captar recursos com as empresas. Por outro lado, acredito que ela não deveria privilegiar artistas e espetáculos de grande projeção, que já se sustentam economicamente sem incentivos. Por exemplo: será que o Cirque de Soleil, que cobra ingressos superiores a R$500,00, precisa de benefícios de uma lei de incentivo? O dinheiro que patrocina este e outros projetos vem através de uma renúncia fiscal por parte do governo. É dinheiro nosso, dos contribuintes e cidadãos. Sua aplicação deveria promover a abertura de novas oportunidades para  artistas  e projetos culturais, com real impacto sobre a cultura brasileira, universalizando o seu alcance, garantindo conteúdo artístico de qualidade para o público.

7 – Mesmo com o crescimento nos eventos de anime, o que mais se vê é evento sendo criado e um depois decretando falência. O que você acha que pode ser feito para ser mudado isso?
Certas coisas acontecem em outros setores da mesma forma. Sabia que a maioria de novas revistas lançadas não chega ao quinto exemplar? E as microempresas que fecham ou ficam inadimplentes após os dois primeiros anos de atividade? No setor de eventos é preciso muito conhecimento do negócio, da logística, do público alvo, firmar parcerias estratégicas com a iniciativa privada e as prefeituras. No caso dessas duas  últimas, mostrar o quanto a cidade que abriga um evento de anime e cultura japonesa agrega valor ao seu comércio, turismo, às atividades culturais e de lazer. Além dessa concientização, é necessário desenvolver um plano de negócios, utilizar uma comunicação efetiva com o seu público potencial, além de saber filtrar críticas e sugestões, utilizando tudo para o sucesso do seu empreendimento.

8 – Pra encerrar, quais os planos para o futuro profissional de Anísio Mello Júnior?
Meu futuro está ligado ao presente, desde o passado, simultaneamente, como se os três fossem uma coisa só. Pretendo realizar mais shows no Brasil e, se possível, no Exterior, de anime, jazz, blues e rock; Levar aos eventos de anime o Projeto Anime Voices Brasil, que integro ao lado do Che Leal(cantor original dos Cavaleiros do Zodíaco), Toninho Ghizzy(Kamen Rider Black e Flashman), Marcelo Ginnari, Ricardo Jr. e Luciane Saraiva; Gravar mais vídeos e realizar apresentações com meu amigo Lord Vinheteiro (em breve, novidades no Youtube e na minha fan page!);trabalhar para promover a arte e a cultura, através do Instituto Cultural Anísio Mello, empresas e instituições parceiras; colaborar no desenvolvimento da carreira artística dos meus clientes de coaching e dos colegas da Cooperativa de Música do Amazonas(onde sou coordenador artístico), levando-os a um novo patamar profissional; ser um cidadão consciente e participativo nos rumos do Brasil, buscando educar pela atitude e pelo exemplo, apesar das minhas limitações e falhas - que não as têm, não é mesmo?
 Gostaria de agradecer a oportunidade de falar com você e os seus leitores, contando um pouco sobre as minhas estripulias artísticas e culturais! Quem quiser um pouco mais, visite a minha página pessoal do Facebook, a fan page, a do Anime Voices Brasil e a do Instituto Cultural Anísio Mello. Grande abraço!



Post Relacionados

Entrevista - Anisio Mello Junior cantor oficial de Dragon Ball Z Grupo Akai Rating: 5 quinta-feira, 13 de junho de 2013

3 comentários:

  1. Cara, já perguntei até pro próprio Anísio, mas nem ele lembra: onde raios consigo uma camiseta da hora dessas????!

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Pelo o que expressa da pra ver o quanto ele é um homem experiente, articulado, não era pra menos... grande Anísio Mello!

    ResponderExcluir